O guevarismo é uma teoria da revolução comunista e uma estratégia militar de guerra de guerrilha associada ao revolucionário marxista-leninista Ernesto "Che" Guevara, figura proeminente da Revolução Cubana que acreditava nos ideais do marxismo-leninismo e adotava seus princípios.
VISÃO GERAL
Após o triunfo da Revolução Cubana de 1959, liderada por um foco militante sob o comando de Fidel Castro, seu colega argentino, internacionalista e marxista, Guevara transformou sua ideologia e experiências em um modelo a ser seguido (e, por vezes, em intervenção militar direta) em todo o mundo. Ao exportar uma dessas revoluções "focalistas" para a Bolívia, liderando um grupo armado de vanguarda em outubro de 1967, Guevara foi capturado e executado, tornando-se um mártir tanto para o movimento comunista mundial quanto para o socialismo em geral.
Sua ideologia promove a exportação da revolução para qualquer país cujo líder seja apoiado pelo império (Estados Unidos) e tenha caído em desgraça com seus cidadãos. Guevara fala sobre como a guerra de guerrilha constante, ocorrendo em áreas não urbanas, pode derrotar os líderes. Ele apresenta três pontos que são representativos de sua ideologia como um todo, a saber, que o povo pode vencer, com organização adequada, o exército de uma nação; que as condições que tornam uma revolução possível podem ser estabelecidas pelas forças populares; e que as forças populares sempre têm vantagem em um ambiente não urbano.
Guevara tinha um interesse particularmente aguçado na guerra de guerrilha, com dedicação às técnicas de foco, também conhecidas como focalismo (ou foquismo em espanhol), que consistem em vanguardismo por pequenas unidades armadas, frequentemente no lugar de partidos comunistas estabelecidos, lançando inicialmente ataques a partir de áreas rurais para mobilizar a revolta popular e transformá-la em uma frente contra o regime vigente. Apesar das diferenças de abordagem — enfatizando a liderança guerrilheira e ataques audaciosos que geram levantes gerais, em vez de consolidar o poder político em redutos militares antes de expandir para novas regiões — Guevara inspirou-se muito na noção maoísta de uma "guerra popular prolongada" e simpatizou com a República Popular da China de Mao Tsé-Tung durante a cisão sino-soviética. Essa controvérsia pode explicar, em parte, sua saída da Cuba pró-soviética de Castro em meados da década de 1960. Guevara também traçou paralelos diretos com seus camaradas comunistas contemporâneos no Viet Cong, exortando uma estratégia de guerrilha multifrontal para criar "dois, três, muitos Vietnãs".
Nos últimos anos de vida, após deixar Cuba, Guevara assessorou movimentos paramilitares comunistas na África e na América Latina, incluindo o jovem Laurent-Désiré Kabila, futuro governante do Zaire/República Democrática do Congo. Por fim, enquanto liderava um pequeno grupo focalista de guerrilheiros na Bolívia, Guevara foi capturado e morto. Sua morte e o fracasso de curto prazo de suas táticas guevaristas podem ter interrompido as guerras de guerrilha que compunham a Guerra Fria por um período, e até mesmo desestimulado temporariamente o apoio soviético e cubano ao focalismo.
Os movimentos comunistas emergentes e outros movimentos radicais simpatizantes da época ou migraram para a guerrilha urbana antes do final da década de 1960 e/ou logo reviveram as estratégias rurais do maoísmo e do guevarismo, tendências que se intensificaram em todo o mundo ao longo da década de 1970, em grande parte com o apoio dos estados comunistas e da União Soviética em geral, bem como da Cuba de Castro em particular.
Outro defensor do guevarismo foi o intelectual francês Régis Debray, que pode ser visto como alguém que tentou estabelecer uma estrutura teórica coerente e unitária com base nesses princípios. Debray, entretanto, rompeu com essa visão.
DETALHES
Che Guevara desenvolveu uma série de ideias e conceitos que ficaram conhecidos como "Guevarismo". Seu pensamento tomou o marxismo-leninismo e o anti-imperialismo como elementos básicos, acrescentando reflexões sobre como realizar uma revolução e criar uma sociedade socialista que lhe conferiu uma identidade própria.
Guerra de guerrilha:
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| Che Guevara em uma mula em Las Villas, Cuba em 1958. |
Ele argumentou que havia uma estreita ligação entre os guerrilheiros, os camponeses e a reforma agrária. Essa posição diferenciava seu pensamento do socialismo puramente operário-industrial e o aproximava das ideias maoístas.
Seu livro "Guerra de Guerrilha" é um manual onde são discutidas as táticas e estratégias utilizadas na guerra de guerrilha cubana.
No entanto, Che afirmou que em certos contextos a luta armada não tinha lugar, sendo necessário recorrer a mecanismos pacíficos, como a participação na democracia representativa. Embora Che tenha declarado que esta linha deveria ser pacífica, mas "muito combativa, muito corajosa", e que só poderia ser abandonada se a sua orientação a favor da democracia representativa fosse minada na população.
O novo homem: O eixo fundamental que norteou sua ação político-teórico-militar foi o início do humanismo marxista. Em outras palavras, Che sugere que é essencial distinguir entre o humanismo de Marx e o humanismo burguês, cristão tradicional, filantrópico, etc. Contra todo humanismo abstrato que se afirma "acima da classe" (e que, em última análise, é burguês), o de Che, assim como a libertação do homem de Marx, se engaja explicitamente em uma perspectiva de classe proletária. Opondo-se radicalmente, portanto, ao "mau humanismo", ele declara que: "e a realização de suas potencialidades só pode ser alcançada pela revolução dos trabalhadores, camponeses e outras classes exploradas, que elimina a exploração do homem pelo homem e estabelece o domínio racional e coletivo dos homens (proletários) em seu processo de vida social."
CRÍTICA
O guevarismo foi criticado a partir de uma perspectiva anarquista revolucionária por Abraham Guillén, um dos principais estrategistas da guerra de guerrilha urbana no Uruguai e no BRASIL. Guillén afirmava que as cidades eram um terreno melhor para a guerrilha do que o campo (Guillen era um veterano da Guerra Civil Espanhola). Ele criticou os movimentos guevaristas de libertação nacional (como os Tupamaros uruguaios, um dos muitos grupos que ele ajudou como conselheiro militar).
FONTES: Hansing, Katrin (2002). Rasta, Race and Revolution: The Emergence and Development of the Rastafari Movement in Socialist Cuba. LIT Verlag Münster. pp. 41–42. ISBN 3-8258-9600-5.
Guevara, Ernesto (1998) [1961]. Guerrilla Warfare. New York: Monthly Review Press. p. 8. ISBN 978-0-8032-7075-6.
Gott, Richard (11 August 2005). "Rough Draft of History: 'All Right, Let's Get the @#!*% Out of Here'". Archived from the original on 26 November 2005.
Guevara, Che (1965). "El socialismo y el hombre en Cuba" [Socialism and man in Cuba]. www.marxists.org (in Spanish). Retrieved 27 August 2020.
"Domingo Alberto Rangel: Ingobernable". YouTube. 17 December 2012.
Guerrillas and Revolution in Latin America: A Comparative Study of Insurgents and Regimes since 1956. Princeton University Press. 1992. ISBN 9780691078854.
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