A vírgula é um sinal de pontuação. Seu nome vem do latim "virgûla-", significando varinha, pequeno traço ou linha, tendo o termo sido dicionarizado pela primeira vez em Morais
(2.ª ed., 1813) (Cunha, Antônio Geraldo da (1986). Dicionário Etmológico Nova Fronteira. Rio de Janeiro: Nova Froteira).
Ao contrário do que se costuma pensar, a vírgula não possui a função de representar pausas na oralidade (pois isso pode ser feito sem o uso da vírgula), mas a função de separar elementos que possuem a mesma função sintática em uma oração ou elementos sintáticos entre diferentes orações, de modo a evitar ambiguidades. Por exemplo, alguém pode realizar uma pausa na seguinte situação: "Eu estava correndo (pausa) e a vi". Esse elemento de pausa na oralidade não permite o uso da vírgula (sendo mais adequado o uso das reticências, neste último caso), pois ela não ocorre antes da conjunção "e", salvo em alguns outros casos.
USO
A utilização da vírgula não obedece as regras absolutas (existem casos debatidos entre os especialistas em gramática) pelo qual as regras aqui expostas são um resumo do que o uso geral vem carregando a frase do verbo nominal (formal):
- Para separar as coordenadas sindéticas conclusivas (logo, pois, portanto). A conjunção pois com valor conclusivo (portanto) deve geralmente vir entre vírgulas. (Ex.: Não era alfabetizado, logo, não podia ter carta de habilitação).
- Para separar as coordenadas sindéticas explicativas (Ex.: Não fale assim, porque estamos ouvindo você).
- Para separar as adverbiais reduzidas e as adverbiais antepostas ou intercaladas na principal.
- Para separar as orações consecutivas.
- Para isolar as subordinadas adjetivas explicativas. Geralmente, as restritivas não se separam por vírgula. Podem terminar com vírgula no caso de ter certa extensão ou quando os verbos se sucedem. Porém, nunca devem começar por vírgula. (Ex.: O rapaz, que tinha o passo firme, resolveu o problema. / O aluno que estuda, aprende).
- Usa-se quando vier em [polissíndeto] (Ex.: Fala, resmunga, chora e pede socorro).
- Para separar elementos com a mesma função sintática (exceto se estiverem ligados pela conjunção e). (Ex.: O João, o Antônio, a Maria e o Joaquim foram passear. / Comprei um livro e um caderno. / Fui ao supermercado e à farmácia).
- Para separar orações com sujeitos diferentes (Ex.: Eles explicam seus pontos de vista, e a imprensa deturpa-os).
- Para assumir outros valores que não o aditivo Ex.: Responderam à mãe, e não foram repreendidos) (valor adversativo). O filme é tão romântico e eu assisti na TV. (valor consecutivo). Eles gritaram, e pularam, e sorriram. (valor enfático)
- Quando a conjunção pois é explicativa e equivale a porque, a vírgula coloca-se antes. (Ex.: João não foi à escola, pois estava doente);
- Quando a conjunção pois é conclusiva e equivale a portanto, a vírgula coloca-se antes e depois (Ex.: A seleção brasileira venceu as eliminatórias sul-americanas. O Brasil é, pois, um dos favoritos a ganhar a copa).
ALTERAÇÃO DE SIGNIFICADO
Uma vírgula (ou a falta dela) pode alterar completamente o significado da frase.
- José, Maria e o cãozinho Sweetie foram passear.
- José Maria e o cãozinho Sweetie foram passear.
A primeira frase implica que Maria, José e o Sweetie foram passear, e a segunda que José Maria saiu sozinho com o Sweetie para passear.
- Não, espere.
- Não espere.
- Este, juiz, é corrupto.
- Este juiz é corrupto.
- Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, ficaria de joelhos à sua frente.
- Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher ficaria de joelhos à sua frente.
- Não queremos saber.
- Não, queremos saber.
- Não escolha o Blim Blim, o Cafajeste.
- Não, escolha o Blim Blim, o Cafajeste.
COMPUTAÇÃO
Nos sistemas comuns de codificação de caracteres Unicode e ASCII , o caractere 44 (0x2C) corresponde ao símbolo de vírgula. A referência de caractere numérico HTML é . ,
Em muitas linguagens de computador, as vírgulas são usadas como delimitador de campo para separar argumentos de uma função, para separar elementos em uma lista e para executar a designação de dados em várias variáveis ao mesmo tempo.
Na linguagem de programação C, o símbolo de vírgula é um operador que avalia seu primeiro argumento (o que pode ter efeitos colaterais) e então retorna o valor de seu segundo argumento avaliado. Isso é útil em instruções for e macros .
Em Smalltalk e APL , o operador vírgula é usado para concatenar coleções, incluindo strings. Em APL, ele também é usado monadicamente para reorganizar os itens de um array em uma lista.
Em Prolog , a vírgula é usada para denotar Conjunção Lógica ("e").
O formato de valores separados por vírgula (CSV) é muito comumente usado na troca de dados de texto entre formatos de banco de dados e planilhas.
USO DIACRITICO
A vírgula é usada como um sinal diacrítico em romeno sob ⟨s⟩ ( ⟨Ș⟩ , ⟨ș⟩ ), e sob ⟨t⟩ ( ⟨Ț⟩ , ⟨ț⟩ ). Uma cedilha é ocasionalmente usada em vez dela, mas isso é tecnicamente incorreto. O símbolo ⟨d̦⟩ (' d com vírgula abaixo ') foi usado como parte do alfabeto transicional romeno (século XIX) para indicar os sons denotados pela letra latina ⟨z⟩ ou letras ⟨dz⟩ , onde derivada de um cirílico ѕ ( ⟨ѕ⟩ , /dz/ ). A vírgula e a cedilha são ambas derivadas de ⟨ʒ⟩ (uma pequena letra cursiva ⟨z⟩ ) colocada abaixo da letra. Somente desse ponto de vista, ⟨ș⟩ , ⟨ț⟩ e ⟨d̦⟩ poderiam ser potencialmente considerados substitutos de /sz/, /tz/ e /dz/, respectivamente.
Em letão , a vírgula é usada nas letras ⟨ģ⟩ , ⟨ķ⟩ , ⟨ļ⟩ , ⟨ņ⟩ e historicamente também ⟨ŗ⟩ , para indicar palatalização . Como a letra minúscula ⟨g⟩ tem um descendente , a vírgula é girada 180° e colocada sobre a letra. Embora seus nomes de glifo Adobe sejam 'letra com vírgula', seus nomes no Padrão Unicode são 'letra com uma cedilha'. Eles foram introduzidos no padrão Unicode antes de 1992 e, de acordo com a política do Consórcio Unicode, seus nomes não podem ser alterados. No final da década de 1920 e na década de 1930, a ortografia latgaliana usada na Sibéria usava letras adicionais com vírgula ⟨ ç ⟩ , ⟨ ḑ ⟩ , ⟨ m̧ ⟩ , ⟨ p̧ ⟩ , ⟨ ş ⟩ , ⟨ ţ ⟩ , ⟨ v̧ ⟩ , ⟨ z̧ ⟩.
Em livônio , cujo alfabeto é baseado em uma mistura dos alfabetos letão e estoniano , a vírgula é usada nas letras ⟨ḑ⟩ , ⟨ļ⟩ , ⟨ņ⟩ , ⟨ŗ⟩ , ⟨ț⟩ para indicar palatalização da mesma forma que o letão, exceto que o livônio usa ⟨ḑ⟩ e ⟨ț⟩ para representar os mesmos fonemas plosivos palatais que o letão escreve como ⟨ģ⟩ e ⟨ķ⟩ , respectivamente.
Em tcheco e eslovaco , o diacrítico nos caracteres ⟨ď⟩ , ⟨ť⟩ e ⟨ľ⟩ se assemelha a uma vírgula sobrescrita, mas é usado em vez de um caron porque a letra tem um ascendente . Outras letras ascendentes com carons, como as letras ⟨ȟ⟩ (usadas em finlandês Romani e Lakota ) e ⟨ǩ⟩ (usadas em Skolt Sami ), não modificaram seus carons para vírgulas sobrescritas.
Na Guatemala do século XVI , a letra arcaica cuatrillo com uma vírgula ( ⟨Ꜯ⟩ e ⟨ꜯ⟩ ) era usada para escrever as línguas maias.
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